quarta-feira, 11 de junho de 2008

O mundo dos Mangás







O mundo dos Mangás









Foi-se há muito, há muito, o tempo em que se ridicularizava os heróis de desenhos animados e histórias em quadrinhos japonesas.

Mangás e animês conquistaram um público universal, baseados em valores que também são universais. E é justamente o universo pop do Japão, o tema da segunda reportagem da série sobre cultura japonesa.




Veja outras reportagens da série.

Uma mina de ouro brota do papel-jornal e projeta para o mundo a face pop da potência tecnológica.

Pelos traços do desenho, o Japão dos bits e bytes se impõe também como exportador de cultura.

"O mangá está aí com força total hoje dominando boa parte do mercado, deixando até heróis tradicionais americanos pra trás. Hoje é um fenômeno mundial", diz Marcelo del Greco, editor de mangá.

O tempero das histórias é o caráter humano dos personagens. Nesse mundo de fantasia, os heróis envelhecem e sofrem como qualquer mortal.

“Eu gosto bastante das histórias, do fato dos personagens serem bem humanos e passarem coisas que a gente passa no nosso cotidiano. Por isso a gente se identifica bastante com eles”, explica Açunciara Azima, professora de mangá.

Essa química que vende mais de um bilhão de revistas por ano no Japão, criou um exército de aficionados no Brasil.

Oito anos depois de produzir os primeiros mangás, as editoras daqui despejam, em média, 200 mil exemplares nas bancas todo mês.

Lendo os quadrinhos, Jefferson aprendeu o idioma do pai. Hoje, mantém uma coleção de 500 títulos.

"Os valores são bastante realçados nos mangás assim, a honra, a dignidade, a amizade, esse tipo de valor que eu acho atrai o japonês e também quem não é japonês", diz Jefferson Kayo, colecionador de mangá.

A palavra mangá foi usada pela primeira vez em 1814 pelo artista Katsushita Hokusai para batizar uma coleção de gravuras.

A forma atual surgiu depois da segunda guerra, pelas mãos de Osamu Tezuka, o maior quadrinista japonês.

Aos poucos, os personagens, que eram parecidos com os dos comics americanos, ganharam estilo próprio.

Como em qualquer publicação japonesa, é de trás para frente que se lê um mangá. As páginas são viradas da esquerda para a direita. A fórmula é bem definida: capa e algumas páginas coloridas. O resto, em preto e branco.

Uma linguagem cinematográfica, em que parte da história é contada apenas com imagens, e as linhas dão sensação de velocidade. Os personagens têm características marcantes: são magros, têm pernas alongadas, cabelos pontudos e, o mais importante: olhos grandes, que expressam sentimentos.

"Eles desenham olho grande porque para o oriental é a janela da alma, então, você olha pra dentro da alma do personagem", explica Careimi Assmann, pesquisadora de animé.

Sem cerimônia, muitos aparecem sem roupa. Mangás eróticos são apenas uma categoria do mercado, que tem publicações específicas para meninas e meninos.

Fã de histórias de aventura, Tiago quer virar profissional. Ele é um dos 500 alunos que passaram por uma escola de desenho de mangá, em São Paulo.

Enquanto não consegue uma editora, imprime e vende em eventos as revistas que produz.

"É uma coisa que está crescendo e eu acredito que é uma coisa que vai continuar crescendo. O principal é fazer, produzir, praticar muito, ter um trabalho bom, consistente, sólido", Thiago Spykid, designer gráfico.

Assim como os americanos, o sucesso também fez os japoneses trilharem o caminho dos quadrinhos para as telas.

As animações produzidas a partir dos anos 60 conquistaram o mundo na década de 90.

As histórias mantêm viva a tradição, abordam problemas de relacionamento, e exploram o sobrenatural.

Com o sofisticado "A viagem de Chihiro", os animês fizeram até Hollywood se curvar. O filme ganhou o Oscar de animação em 2003, batendo concorrentes americanos.

Às vezes o animê ganha carne e osso. “Essa aqui é a Jô de Bakuretsu Tenshi ou Burst Angel. A Jô é como se fosse uma soldada assim, ela foi treinada, ela nasceu pra lutar, é uma guerreira nata”, diz Lola Louro, estudante.

Jô, na verdade é Lola, praticante de cosplay, uma brincadeira em que ganha quem fica mais parecido com os ídolos dos quadrinhos e desenhos animados.

Em feiras como o Mercado Mundo Mix, essa turma libera a criatividade. A fantasia se completa com uma performance. E pra quem acha tudo isso meio esquisito, Lola ou Jô de Bakuretsu Tenshi esclarece:

"Tem gente que pensa: ai meu Deus do céu, eles são loucos, se vestem assim durante o dia, não, isso não existe, a gente faz isso pra se divertir, é um hobby com qualquer outro, só que a gente é o nosso próprio herói durante um dia", diz.

Se você gosta de mangás, pode criar suas próprias histórias e personagem e enviar para o e-mail: japaonojg@redeglobo.com.br. Os melhores serão publicados no site do Jornal da Globo.

Na reportagem de amanhã, a milenar arquitetura japonesa. E os novos conceitos que estão saindo das pranchetas dos arquitetos de vanguarda.

O uso de materiais naturais que ajudam a manter a temperatura agradável o ano todo. E a relação do homem com a casa e com o jardim - espaços cheios de simbolismos.



Fonte: http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VTJ0-2742-20080610-323529,00.html

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